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Qual é a qualidade da água que você consome?

Mais de 60% do corpo humano de um adulto é composto por água: H2O. Se você pesa entre 50 e 100kg, eu imagino que você consome no seu dia a dia entre 1 e 3,5L de água. Mas, você sabe qual é a qualidade da água que consome? Na verdade, a quantidade de água a ser ingerida, depende de uma série de fatores, que vão desde nosso peso e a quantidade de exercício realizada diariamente, até a temperatura do ambiente em que estamos.

Já que ingerimos tanta água assim, você sabe qual é a qualidade da água que você consome?

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Sabe quais são os poluentes que você “supostamente” pode estar consumindo?

Você tem interesse em saber ainda mais sobre o tratamento de água? Tem conhecimento sobre o funcionamento de uma estação de tratamento de água, suas etapas, objetivos e os principais micro poluentes que podem estar presentes na água que você consome? Confira esse post até o final para ficar por dentro da qualidade da água que você consome. A intoxicação por consumo de água aqui no Brasil é um tradicional evento que acontece todos os dias em nossas escolas, creches, hospitais, asilos, e em residências localizadas em municípios que não possuem tratamento de água ou possuem um tratamento inadequado.
Todas as águas de abastecimento urbano distribuída no território brasileiro devem estar de acordo com as cobranças das portarias do Ministério da Saúde. A portaria de Consolidação número 5 de 2017 do Ministério da Saúde é a mais atual. Portanto, as estações de tratamento de águas (ETA) devem respeitar e utilizá-la como controle e vigilância da qualidade da água. Nesta portaria é possível verificar condições operacionais das estações, todos os compostos considerados poluentes e seus respectivos valores máximos permitidos. Ou seja, os valores que cada substância pode estar presente na água de consumo. Segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento – SNIS, de 2019, aproximadamente, 85% dos brasileiros são atendidos com abastecimento de água tratada. O consumo médio brasileiro diário de água é de 154L por habitante. E para abastecer todos nós, as estações de tratamento de água possuem como principal objetivo adequar as características das águas naturas às exigências do Ministério da Saúde, resguardando assim, a qualidade da água tratada e da saúde da população abastecida.
As estações de tratamento de água são constituídas pela combinação de tratamentos físicos e químicos. Esses tratamentos combinados removem os possíveis poluentes presentes e garantem a preservação da qualidade dessa água até chegada em nossas casas. Tecnicamente, quanto mais natural for a água utilizada no abastecimento, ou seja, águas sem o descarte de poluentes, mais simples será o processo de tratamento. Utilizar águas de mananciais preservados é o ideal, porém a cada dia esses mananciais preservados estão ficando mais escassos. Nesse cenário de destruição coletiva dos nossos recursos hídricos, através do descarte incorreto de esgotos sanitários, chorume de aterro sanitário, efluentes de diferentes industriais e resíduos urbanos, muitas vezes não possuímos outra opção e utilizamos rios e lagos poluídos para nosso abastecimento. Confira a seguir as etapas de um tratamento convencional de águas de abastecimento comumente empregado nas estações de tratamento de água aqui no Brasil.


Coagulação

Floculação

Sedimentação

Filtração

Cada uma dessas etapas possui um objetivo e após passar por todas elas, a qualidade da água tratada deverá estar dentro das exigências da portaria atual para que possamos consumir sem risco à nossa saúde. Confira os principais detalhes de cada uma dessas etapas.

Etapas do tratamento convencional de água

Etapa de coagulação

A coagulação é a primeira etapa do tratamento de água. A coagulação ocorre durante poucos segundos nas turbulências (elevado gradiente de mistura) da unidade denominada medidor Parshall. Basicamente, nesta unidade são aplicados os produtos químicos como coagulante, floculante e alcalinizante, para iniciar o processo de coagulação dos poluentes presentes. Os coagulantes aplicados desestabilizam as cargas das partículas presentes nas águas, dando início a formação dos coágulos (que são os compostos presentes nas águas desestabilizados pela presença do coagulante).

Etapa de floculação

Após a etapa de coagulação, inicia-se a floculação. Essa etapa ocorre durante alguns minutos ao longo dos floculadores sob um regime de baixa agitação. Seu objetivo é unir os poluentes (os coágulos) e formar flocos bem consistentes. Após o desenvolvimento destes flocos bem formados, inicia-se a etapa de sedimentação.

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Etapa de sedimentação

O tanque de sedimentação e é o local onde separa e remove os flocos bem formados de materiais sólidos da água clarificada. Os flocos bem formados sedimentam e vão para o fundo do tanque. Já água clarificada (ou seja, a água decantada) é conduzida para os filtros, que é a próxima etapa deste tratamento. Vale destacar que a água decantada é a água presente na parte superior do tanque de sedimentação e os poluentes sólidos sedimentam na parte inferior do tanque. Essa é a principal unidade de geração de resíduos de uma ETA e atualmente esse resíduo também deve ser destinado corretamente.

Etapa de filtração

Como o nome já diz, é nessa etapa que a água é filtrada, com objetivo de remover os sólidos que não sedimentaram na etapa anterior. Portanto, ao sair dos tanques de sedimentação, a água clarificada (decantada) passa pelos filtros, que são constituídos por um ou mais meios filtrantes. Exemplos destes meios filtrantes comumente utilizados nas estações são: brita, areia, carvão ativado, zeólita e a combinação destes. Nas ETA os filtros possuem o processo de filtração ascendente (a água escoa de baixo para cima) ou descendente (de cima para baixo).
Filtros de uma estação de tratamento de água

Etapa de desinfecção

Após remover todos os sólidos, a água passa pela etapa de desinfecção. Devida à sua grande importância é a única etapa de tratamento exigida pelo Ministério da Saúde para qualquer tipo de água. Nessa etapa, o objetivo é remover possíveis micro-organismos como: vírus, bactérias, protozoários e tantos outros causadores de malefícios à saúde da população. Comumente é utilizado o cloro (ex. hipoclorito) como agente de desinfecção. Ao final dessa etapa, a água está clarificada e desinfectada, atendendo as exigências da legislação vigente. Algumas estações necessitam de outras etapas complementares de tratamento. E isso ocorre, basicamente, em função do tipo, complexidade e concentração dos poluentes presentes na água. Pela fato de remover diversos poluentes que nós mesmos descartamos nas águas que consumimos as estações de tratamento de águas merecem nosso respeito.
Sala de controle de desinfecção com vários equipamentos de controle

Reflexão sobre a qualidade da água que você consome

Após falarmos do tratamento utilizado na maioria das estações de tratamento de água do Brasil, vamos fazer uma reflexão e gostaríamos de contar com a sua reflexão. Cada dia que passa, são descartados, de forma incorreta, milhões de toneladas de lixo: nas ruas, nos rios, nos aterros em diversos lugares. Isso é fato. Quando chove, a gente vê e percebe a presença de diversos sacos plásticos, entulhos e diversas outras sujeiras na água. O estrago que essa macro sujeira causa é visível e os impactos negativos são vistos logo após uma chuva forte em um grande centro urbano. Todos esses resíduos são, de alguma forma, conduzidos para algum curso hídrico que abastece alguma cidade, reduzindo, drasticamente, a qualidade da água dessa população.
Além desses poluentes visíveis, existem tantos outros microcontaminantes que não conseguimos ver, mas que também estão presentes nos recursos hídricos. Em 2017, durante meu doutorado, publiquei um artigo científico na revista brasileira de engenharia ambiental (RESA), no qual nos apresentamos uma revisão de todos os trabalhos brasileiros que demonstram a presença de diversos microcontaminantes em águas brasileiras naturais e também em águas brasileiras tratadas. Nesse trabalho é possível verificar, a presença nos recursos hídricos brasileiros, de compostos que são extremamente utilizados por nós, e descartados também por nós de forma incorreta. Os exemplos desses microcontaminantes são: plásticos (bisfenol-A), medicamentos (antibiótico, anticoncepcional, antidepressivos), cosméticos, praguicida e tantos outros.

Se você quiser ler esse artigo na integra para saber ainda mais sobre a presença desses microcontaminantes em águas brasileiras, basta clicar aqui.

Às vezes você está bebendo cada coisa nessa água cristalina sua aí, que só Jesus na causa...


Além disso, nossos resíduos pessoais como restos de comida, urina e até as fezes, infelizmente, também vão parar, de alguma forma, nos nossos cursos d’água. Então veja bem, se a cada dia que vivemos, produzimos e descartamos de forma incorreta milhões de compostos nos cursos d’água, será que as estações de tratamento de água evoluíram tecnologicamente e politicamente o suficiente para remover todos esses poluentes? Será que esse tratamento de água consegue remover todos os praguicidas, todos os tipos de plásticos, polímeros, todos os remédios que criamos e consumimos em nosso dia a dia? Para isso acontecer, os padrões e as portarias do Ministério da Saúde são atualizados para acompanhar o descarte de todos esses poluentes e assim minimizar os impactos negativos no meio ambiente e na nossa saúde. Esse assunto deve sempre ser discutido com autoridades locais, políticos, ambientalistas e com toda a população, para que possamos evoluir na mesma velocidade que, infelizmente, poluímos e destruímos nossos próprios recursos hídricos. Cada um de nós temos que fazer a nossa parte.

Oak Energia escreve ao Ministério da Saúde - Atualização da qualidade da água

Compreender sobre esse grande problema diário e buscar sempre uma solução é a melhor saída para conseguirmos coletivamente melhorias em nossa qualidade de vida. Nesse sentido a Oak Energia também faz seu papel. Na última consulta pública realizada pelo Ministério da saúde em 2020, sobre a atualização da portaria Consolidação número 5, enviamos nossa opinião embasada em estudos, como este que apresentamos, que já demonstram a presença de diversos compostos em nossas águas. Detalhe, presta atenção: estes estudos demonstram microcontaminantes tanto em águas naturais (sem tratamento) quanto em águas tratadas (águas que consumimos), comprometendo sempre a qualidade da água.
Portanto, apresentamos ao Ministério da Saúde a urgência de adicionar todos esses novos poluentes na lista de poluentes que obrigatoriamente devem ser removidos das águas de abastecimento público. Somente assim as estações de tratamento estarão preparadas para remover todos esses novos poluentes. Enquanto isso, a dica é implementar filtros que possuem novas tecnologias já validadas em países desenvolvidos como os Processos Oxidativos Avançados (POA), implementadas por profissionais devidamente qualificados. Esses tratamentos com energia elétrica possuem a capacidade de degradar esses micro poluentes e tornar a qualidade da água mais adequada para nosso consumo.
Espero que vocês tenham apreendido ainda mais sobre os sistemas de tratamento de água, as etapas, os objetivos e a importância desse tratamento na nossa saúde. E na sua cidade, você sabe qual é o tratamento utilizado por aí? Deixe seus comentários e compartilhe esse post com aquelas pessoas que assim como você estão bem preocupadas com a qualidade da água que consomem ao longo do dia.
Ficou alguma dúvida? Participe, compartilhe com seus melhores amigos e vamos juntos melhorar a qualidade dos nosso cursos d’água.

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